Os dispositivos tecnológicos estão cada vez mais presentes na sociedade. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua TIC 2019 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o celular e o microcomputador são os equipamentos mais utilizados para acessar a internet, estando presente em 98,6% e 46,2% dos lares brasileiros, respectivamente.
Grandes marcas tornaram-se amigas inseparáveis das redes sociais e dos chamados influenciadores digitais, dois fortes aliados responsáveis por impulsionarem seus produtos, encontrando um nicho de mercado interessante e vantajoso para se explorar. Independente de ser pequena, média ou grande, empresas precisam se adaptar a este novo cenário. A influência da tecnologia no mercado de trabalho tem exigido um novo comportamento profissional, em que as pessoas adotam ferramentas modernas como aliadas em suas atividades.
Foi nesse contexto que Laura de Vooght, 33 anos, viu em si mais um talento. Primeira mulher refrigerista de Mato Grosso do Sul (MS), Laura descobriu nas redes sociais o gosto por ser influenciadora digital e foi graças a essa nova paixão que sozinha ela impulsionou as atividades e os resultados da sua empresa Laura Ar Condicionado, presente há seis anos no mercado. Mais do que apenas fomentar o crescimento da empresa, Laura deu sua cara ao negócio e aos poucos isso caiu nas graças da internet e, consequentemente, da população de Campo Grande (MS) e Aquidauana (MS).
Tecnologia amiga
O relacionamento de Laura de Vooght com a refrigeração vem do berço. Os pais tinham a empresa Caetano Ar Condicionado e ela os auxiliava na parte administrativa. Mas somente em 2015 Laura em sociedade com o irmão abriu a própria empresa. Entretanto, na época o negócio não tinha o nome da proprietária.
“A empresa antes se chamava Caetano Ar Condicionado, era como se fosse uma filial da empresa dos meus pais. Só que os clientes ligavam e pediam para falar com o Caetano e com um técnico. Quando eu explicava que era a dona e a própria técnica eles desligavam. Eu percebi que as pessoas não queriam falar com uma mulher, mas sim com um homem. Dois anos depois, eu decidi mudar o nome da empresa e coloquei meu próprio nome, porque assim as pessoas iam lembrar que a Laura era uma mulher que mexia com ar condicionado”, explica ela.
Alguns meses após a abertura da empresa, Laura e o irmão romperam a sociedade e a mesma teve de tocar o negócio sozinha. Sem conhecimento técnico para os serviços, visto que seu irmão era o responsável por realizar os atendimentos, ela conta que a tecnologia foi a grande aliada para manter a empresa de pé. Por meio de chamadas de vídeo, o padrasto de Laura a ia instruindo nos primeiros serviços até que a mesma conseguisse realizá-los sozinha.
“No primeiro serviço que fui realizar tive que fazer uma chamada de vídeo com o meu padrasto. Deu super certo, mas acabei demorando quase um dia inteiro para trocar um capacitor. Em outro serviço fui instalar um ar condicionado e o instalei com o condensador ao contrário. Basicamente os primeiros serviços foram feitos com a ajuda dele por meio de chamadas de vídeo. Aprendi na marra mesmo e foi assim que começou o negócio”.
Em menos de seis meses, a refrigerista teve de contratar reforços para a equipe da empresa. “Fui aprendendo técnicas e adquirindo novas habilidades e aos poucos as pessoas começaram a indicar a minha empresa e o negócio começou a crescer de tal forma que até tive que contratar mais funcionários. Hoje devido a pandemia estamos em três ao todo, mas antes tínhamos oito pessoas na equipe”, pontua.
A cara do negócio
Se realmente uma imagem vale mais do que mil palavras, no caso de Laura de Vooght a sua imagem lhe rendeu muito mais do que ela poderia pensar. Antes mesmo de ser ativa nas redes sociais, a refrigerista utilizou uma publicidade um pouco mais simples, mas um tanto chamativa. Durante um ano, ela alugou espaços em outdoor na Avenida Pantaneta, uma das mais movimentadas de Aquidauana, para divulgar seu negócio. Os resultados foram inúmeros comentários e ligações à procura de Laura e seus serviços.
“Eu ficava olhando os outdoors em Aquidauana e ficava pensando ‘e se eu colocasse o meu rosto ali?’. Fiz o orçamento, que no final coube no meu bolso, e resolvi expor por um mês para testar a visibilidade e repercussão. E deu muito resultado! As pessoas passavam em frente e pegavam meu telefone pelo outdoor para fazerem orçamentos de serviços. Então a repercussão no final foi bem positiva”, salienta ela.
Apesar de simples, a propaganda no outdoor além de render novos contratos de negócio ainda foi capaz de fazer ela perceber o quão valioso são as imagens para um empreendimento. “Quando vi que o meu rosto no outdoor atraiu muitas pessoas percebi que a minha imagem vendia realmente. As pessoas pensam em ar condicionado e lembram da mulher que mexe com isso. Usei esse meio de divulgação pelo período de um ano. Foi o start para eu perceber que a minha imagem vendia e que eu deveria trabalhar isso dentro do meu negócio”, analisa Laura.
Ativa há dois anos nas redes sociais, Laura de Vooght possui contas no LinkedIn, Facebook, Instagram, Youtube e Tik Tok. De acordo com ela, estar presente nas redes sociais é imprescindível para qualquer empresário.
“As redes sociais me ajudam muito principalmente a conquistar a confiança do meu cliente, pois ao me seguir nas redes sociais e ver o conteúdo desenvolvido ele consegue perceber que eu realmente entendo sobre o assunto, ou seja, sobre o que de fato eu estou vendendo. Se eu simplesmente parasse de usá-las com certeza meu negócio seria impactado de alguma forma”.
Em relação ao conteúdo veiculado, a refrigerista ressalta que desenvolve vídeos técnicos e mais descontraídos para transmitir conhecimento e divertir os clientes. .
Patrocínio de empresas
Enquanto que para alguns ser influenciador digital é um hobbie, para Laura de Vooght é uma profissão. Além do trabalho na Laura Ar Condicionado, a refrigerista ainda é patrocinada por grandes empresas para realizar campanhas em suas redes sociais. O patrocínio, segundo ela, está sendo essencial neste momento de pandemia da Covid-19.
“Hoje já recebo para fazer campanhas para fabricantes. Eles me contratam para usar as minhas redes sociais para fazer propaganda para eles. Esse salário de influencer está ajudando a me manter em meio a essa pandemia em que tivemos que cortar custos e pessoal. Ganho pelo menos uns 10 mil por mês de patrocínio, seja em dinheiro ou produto”, calcula.
Quando pensa em sua trajetória, ela explica que nunca pensaria em chegar onde chegou e ainda aconselha aqueles que desejam ser empreendedores.
“Quando penso onde cheguei fico até emocionada, porque passa um filme na cabeça. Eu pagava R$350,00 de aluguel por uma casa que só tinha dois quartos, sala e cozinha. Com o dinheiro que foi entrando consegui sair daquela casa e aluguei uma maior com oficina e até mesmo comprei um carro. Hoje consigo oferecer uma vida melhor para os meus dois filhos. Para ser empreendedor é preciso ter muita garra e força para batalhar pelo próprio sonho. Nessa pandemia as redes sociais podem ser uma saída para as pessoas. Quanto mais você tentar alavancar o seu negócio por meio delas, mais benefícios você terá”.